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SALTIMBANCOS

A vida é só um picadeiro de circo. Quando notamos...
Foram-se as lâminas certeiras dos atiradores ciganos,
restaram véus de purpurinas. Apenas as lembranças rodopiam.
Ecoam em algum lugar aqui dentro como cambalhotas sapecas.
(Carla Andrade - "Conjugação de Pingos de Chuva")

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Tão perto, tão verde












Um simples passeio num final de semana pode se tornar uma grande descoberta. Somos quatro mulheres em um carro sem tração 4 rodas, mas com gana de vencedor, que vence caminhos desconhecidos, esburacados e tortuosos até chegar ao extremo sul da cidade de São Paulo.


Ainda nos limites territoriais da terra cinzenta, nos surpreendemos com uma paisagem extremamente verde e de novos ares. Trata-se do Núcleo Curucutu, que faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar. Uma tentativa de salvar os poucos 7% que sobraram da Mata Atlântica original no País. Felizmente, bromélias e pequenas flores coloridas e deslumbrantes estavam por lá. Mas os bichos, tão poucos, se restringiram aos sempre tão companheiros mosquitos e pernilongos e às lindas borboletas, que dividiam espaço e atenção com as pequenas flores de peculiar delicadeza. Os pinheiros plantados há muito tempo na região estão fortemente presentes nas trilhas disponíveis: a do Mirante e a da Bica. Estão lá porque um dia foram fonte de renda. Pelas mãos humanas, costumavam ser queimados para a produção de carvão. E é claro que os verdadeiros habitantes do local, ou melhor, da Mata Atlântica, como o Muriqui - o maior primata das Américas, o Bugio e outras espécies não aparecem muito por ali. Os pinheiros parecem não atraí-los, apesar de o guia nos apresentar um fruto desta árvore intrusa e nos dizer que de vez em quando um primata dá umas mordidas nele. Uma pena, porque eu realmente esperava pelo menos ouvir algum grito distante de quem sabe um Bugio protegendo sua fêmea e cria. Acho que o pinheiro dominante neste trecho não é exatamente um tipo de reflorestamento ideal para uma área de proteção da diversidade de vida na mata. Ele reinava só entre algumas poucas bromélias como esta da foto.


Mas, de qualquer maneira, é um passeio que vale a pena sim. Após uma subida que exige um certo fôlego, chegamos a um dos momentos que se deve destacar nesta trilha, o Mirante. De lá, é possível ver o mar. Uma visão surpreendente e ao mesmo tempo compensadora. É Itanhaém, praia que não considero de paisagem destacável, mas lá do alto, de beleza sem igual! E, por fim, o presente de uma bica gelada para os sedentos seres urbanos se refrescarem e revigorarem as energias!

DICA IMPORTANTE: A trilha faz parte da publicação: "Trilhas de São Paulo - Conhecer para Conservar". Um guia do Governo do Estado de São Paulo que traz informações sobre 40 trilhas que podem ser feitas em Unidades de Conservação do Estado. Custa R$5,00. Mais informações: www.trilhasdesaopaulo.sp.gov.br